21 de jun. de 2011

Brasil em o pior serviço público em relação aos impostos

País ocupa a 30ª posição na lista dos que melhor aplicam os tributos em qualidade de vida aos cidadãos

O brasileiro é o cidadão que mais paga impostos e o que recebe os piores serviços públicos em troca. A conclusão é do "Estudo sobre Carga Tributária / PIB x IDH", realizado pelo IBPT ( Instituto Brasileiro de planejamento do  mundo em relação ao retorno de benefícios à população. O Brasil ficou a ùltima posição do ranking (30º lugar), bem atás dos vizinhos Uruguai e Argentina 13º e 16ª posições, respectivamente. Isso indica que os países ao lado são capazes de fazer melhor uso dos impostos arrecadados dos contribuintes. Estados Unidos, Japão e Irlandia figuram no topo do ranking dos países que melhor aplicam os tributos em qualidade de vida aos cidadãos. "O resultado deste estudo vem corroborar a posição do IBPT, desde a sua criação há 19 anos, apontando que a alta carga tributária do país vem hitoricamente contrastando com um péssimo e ineficiente serviço público em áreas vitais como educação, saúde, transporte, segurança, saneamento básico e outras, quando deveriam ser recursos arrecadados para o bem-estar da população". 
144 é o (indice de Retorno de bem-estar à Sociedade) do Brasil. Quanto maior o indicador, melhor é o retorno dos tributos arrecadados. O Irbes dos EUA (1º lugar) é 168,15.

20 de jun. de 2011

O Brasil votou a favor de um acordo mundial que estende para as empregadas todos os direitos trabalhistas! O que vai mudar? E quando começa a valer? Vêm aí mudanças importantes nas relações das empregadas domésticas com os patrões. O Brasil votou a favor de um acordo mundial que estende para as empregadas todos os direitos trabalhistas! O que vai mudar? E quando começa a valer?

Às 4h30, na casa de Patrícia, a mesa do café está pronta.

“Eu já deixei o café do meu filho mais ou menos encaminhado para ele tomar. Comida também eu já deixo”, conta a empregada doméstica Patrícia Souza Oliveira.

Patrícia tem 37 anos e trabalha como doméstica há quase 20. Mora com o filho Mateus, de 8 anos.

“Eu vou sair daqui a pouco e a minha cunhada vem. Meio- dia e meia, eu estou ligando pra saber se já saiu de casa para ir pra escola. É assim. É ela monitorando e eu também”, conta. Ela explica que vida de empregada não é fácil. “Tenho duas casas pra cuidar: a da patroa e a minha”, explica.

Até o ponto de ônibus, é um verdadeiro breu. Saindo de Mauá, na Região Metropolitana de São Paulo, são mais três conduções até chegar à Zona Sul da capital, duas horas e meia depois.

E a Patrícia coloca outra mesa do café.

“Quando a Patrícia chegou lá em casa, para você ter uma ideia, os meus filhos eram solteiros Hoje eles são casados”, diz Márcia Maria Batista Zimmermann, patroa de Patrícia.

A parceria já dura dez anos. Márcia, a patroa, fez questão de registrar a empregada e pagar todos os direitos, como férias e décimo-terceiro. Ela é uma exceção! Quase sete milhões de mulheres trabalham como domésticas no Brasil. Menos de 30% têm carteira assinada. Foi o que revelou um novo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica aplicada, o Ipea.

“Uma empresa geralmente dá lucro para o dono, empregada não dá lucro para a patroa”, observa Patrícia.

Ela cita quais os direitos que gostaria de ter direito e não tem: “Fundo de garantia, seguro desemprego”, diz.

Patrícia não tem porque a lei não exige. Mas vêm mudanças por aí. Esta semana, em Genebra, na Organização Internacional do Trabalho, o Brasil votou a favor de um acordo que estende para as domésticas todos os direitos trabalhistas.

“Nós já temos garantido pela legislação o direito a salário-mínimo, o direito ao décimo - terceiro, ao repouso semanal remunerado, o adicional de férias”, explica Márcia Vasconcelos, coordenadora do Projeto de Igualdade de Gênero e Raça da OIT.

E agora, poderá ter direito, por exemplo, a hora-extra, adicional noturno e FGTS. Para isso, o Brasil precisa mudar a Constituição, o que depende de votação e aprovação do Congresso.

“Garantimos a força de trabalho dos outros e outras trabalhadoras que saem pra trabalhar e deixam sua casa na responsabilidade de outra pessoa, que cuida da criança, cuida da casa, cuida dos bens”, avalia Creuza Maria de Oliveira, presidenta da Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas.

Muita coisa ainda deve mudar na relação entre patroas e empregadas. E, por isso, o Fantástico reuniu um grupo de pessoas bastante interessadas no assunto. Tudo isso pra ajudar você aí de casa, a tirar suas dúvidas. A gente vai começou com a turma das empregadas e perguntou: o que é que vocês gostariam de saber?

Sandra: Hoje, se eu for mandada embora, qual a lei que eu tenho? Eu recebo o tempo de casa ou não recebo?

Sonia Mascaro, especialista em Direito do Trabalho: Você recebe férias proporcionais, décimo terceiro salário proporcional, aviso prévio de 30 dias. Isso é um direito que você tem. Mas não tem, por exemplo, fundo de garantia. Os 40% sobre o FGTS não tem, porque não é direito da empregada doméstica, a não ser que a patroa dê esse direito por liberalidade ou por opção.

Mônica Machiaverni: Doutora, nós como patroas, temos uma preocupação. Quanto mais eu vou gastar no final do mês para ter uma empregada hoje?

Sônia Mascaro: só de fundo de garantia, por exemplo, são 8% a mais sobre o salário da empregada.

Outra polêmica: hoje, as domésticas não têm uma jornada de trabalho definida. No Nordeste, é onde elas trabalham mais: 60 horas por semana. Com o acordo da OIT, o limite passa a ser 44 horas. Se passar disso, é hora-extra. Mas, como fazer esse controle?

Sonia Mascaro: Pode ser um controle de ponto, que seriam aqueles relógios, pode ser aquele livro mesmo, onde a pessoa anota o horário de entrada, horário de saída, manualmente.

A média do salário de uma doméstica no Brasil não passa de R$ 400 por mês. Menos que o mínimo nacional. No Norte e Nordeste, estão os salários mais baixos. Em Belém, Marisa, mesmo com 30 anos de serviço... “O máximo que eu recebi do meu salário foi R$300”, afirma Marisa Santos da Silva.

Há seis meses, ela está parada por complicações do diabetes. Mariza nunca foi registrada e, por isso, não recebe auxílio doença.

Em São Paulo, muita gente também não cumpre a lei.

Fantástico: Quando você trabalha no feriado, você ganha alguma coisa a mais por isso?

Marluce: Não, eu já fui contratada para trabalhar com aquele salário pra trabalhar nos feriados.

Fantástico: Existe isso?

Sonia Mascaro: Não, não existe isso. Na verdade, se você foi contratado com um salário fixo e você trabalha no feriado, você tem direito sobre o seu salário mensal, mais o dia trabalhado.

3 de jun. de 2011

Educação

O Brasil é um país de contrastes, possui uma complexa realidade social, onde de um lado há pessoas que vivem em situação de plenos direitos sociais e políticos, que são patrocinados pelo poder econômico, tendo boas, senão ótimas, condições de moradia, estudo, saúde e qualificação para o mercado de trabalho. De outro lado, porém há miséria e ausência parcial ou total da consciência de direitos, bem como a efetivação dos mesmos.
Essa diferença social é própria do capitalismo, que coloca em situações diferentes os que detêm o capital e os que trabalham para produzi-lo em uma equidade quase que neoliberal.

Em países em desenvolvimento como o nosso, as condições de vida e de trabalho condenam grande parte dos trabalhadores a uma situação de miséria absoluta, vivendo abaixo da linha da pobreza. O capitalismo se estrutura desde o seu aparecimento, na exploração do trabalho assalariado, que progressivamente foi separando os trabalhadores, o proletariado, dos donos dos meios de produção, a burguesia. Variam as condições de vida das duas classes, assim como os anos de estudo que os indivíduos de uma e outra conseguem.

A classe de maior renda dispõe de maior escolaridade e de maior acesso aos bens culturais. A de menor renda, com baixa escolaridade, na sua maioria dispõe de pouco ou nenhum acesso a esses mesmos bens culturais.
Poder é saber e saber é poder, relação que é perpetuada pelo privilégio de estudar e concluir que os que detêm o poder possuem. Quadro este, que a sociedade capitalista podemos analisar e discutir as razões que impossibilitam a realização desse direito.
No modelo econômico adotado, o sistema educacional não é prioridade, nem foi estruturado para atender, com qualidade, a grande maioria da população. As classes de maior renda aproximam-se dos níveis de consumo e de conforto atingidos pelas classes ricas dos países desenvolvidos. Para que isso seja possível é necessário que as classes trabalhadoras paguem a conta seja por assumirem a produção com baixos salários, seja por estarem sem condições de consumo, o que economiza bens para exportação, sem causar prejuízos para os donos de produção.

O estado brasileiro tem atuado para que esta maneira de organização social prevaleça. O modelo de desenvolvimento assumido nos últimos trinta anos tem beneficiado o grande capital, sendo os gastos com educação, saúde, transporte do trabalhador, menores, comparativamente, do que aqueles destinados a manutenção desse modelo de economia e de sociedade.
Essa é a sociedade que temos, capitalista, onde a educação (que abre portas) não é oferecida, nem oportunizada igualmente à população (o que fecha portas), causando uma cadeia de desigualdade infindável.
A escola tem grande peso na aceitação conservadora das idéias liberais, nas quais o capitalismo se apóia para se justificar.
Essas idéias liberais formam o liberalismo, uma doutrina político-econômica que teve sua força máxima durante a Revolução Francesa em 1889 e chegou ao Brasil na época de Tiradentes, quando a realidade vivida era contraditória à política liberal.

No liberalismo os direitos dos indivíduos são naturais, independentes de sociedade. De acordo com Locke (um dos maiores pensadores do liberalismo séc. XVIII), a origem do governo estava em acordo realizado entre os homens, para garantir a cada um os direitos naturais, cabendo ao governo garantir a cada um o desenvolvimento de seus talentos. Assim, a pobreza ou a riqueza depende da vontade e da capacidade de cada um.
Acredita-se também que o progresso de cada um pode, isoladamente, levar à melhoria da sociedade e essa melhoria é de responsabilidade individual, independentemente das condições econômicas e sociais que compõem a comunidade.

Para o liberalismo, quando menor for o poder do Estado, maior será a liberdade do indivíduo. Esta propriedade é um direito que cada um tem e o que o Estado deve proteger. O privilégio decorrente do nascimento deve ser negado. O trabalho e o talento são os meios corretos para enriquecer, então a existência de ricos e pobres é natural, uma vez que os homens não são igualmente esforçados ou talentosos.

A democracia é estabelecida pela escolha de um representante, através do qual acredita-se participar do governo.
Ao colocar um indivíduo como centro, o liberalismo torna individuais as razões do fracasso, econômico ou escolar, impedindo que sejam vistas as razões sociais da desigualdade, servindo aos conservadores para manter a sociedade como está, com a sobrevivência da maioria das pessoas condicionada ao trabalho assalariado, a par da minoria burguesa que vive da exploração do capital e do trabalho.

Neste ponto se a escola for sustentada por princípios individualizantes, pela classificação e pela avaliação acaba por rotular os indivíduos como capazes ou não, segundo o aproveitamento de cada um, deixando de ver o aluno como ser social e histórico. Agindo assim a escola se isola da sociedade, reproduz a igualdade formal do sistema social, iguala todos perantes a lei, embora vivam em profunda desigualdade de condições.
Essa escola não discute, não revê conteúdos, nem a possibilidade concreta de democracia e de representação em uma sociedade marcadas pelas desigualdades de propriedade e de direitos. As famílias se tornam responsáveis pelo fracasso de seus filhos e argumentam que o filho é que “não dá para o estudo”.

A sociologia tenta explicar a sociedade que surgiu com o capitalismo e serve muitas vazes para justificar esse sistema político, econômico e social.
Devíamos ter uma sociedade que não aceitasse as teorias como verdades absolutas, analisando as contradições sociais, com o cuidado de conservar a sociedade em um sentido de continuidade, não de mesmice.
Não podemos nos alienar,devemos conhecer os papéis assumidos pelo conjunto das instituições na sociedade capitalista, já que esta sociedade não se explica apenas a parti de atitudes ou de comportamentos restritos à esfera econômica.
Entender a sociedade em que se vive é o primeiro passo para encontrar soluções para os problemas enfrentados.

Com base no texto “Educação e sociedade: redenção, reprodução e transformação” de Luckesi (in filosofia da educação, São Paulo: Córtex, 1994) podemos afirmar que existem três grupos de entendimento do sentido da educação como redenção, educação como reprodução e educação como um meio de transformação da sociedade; tendências estas que se constituíram ao longo da prática educacional.
A educação como redenção da sociedade visa manter e conservar a sociedade, integrando harmonicamente os indivíduos no todo social já existente. A educação seria, assim, uma instância quase que exterior à sociedade, pois, de fora dela, contribui para o seu ordenamento e equilíbrio permanentes; tentos, portanto, como finalidade a adaptação do indivíduo a sociedade.

A educação como reprodução da sociedade afirma que a educação faz parte da sociedade e a reproduz, portanto aborda-a como uma instância dentro da sociedade e exclusivamente a seu serviço. Atua sobre ela como uma instância correta dos seus desvios, tornado-a melhor e mais próxima do modelo de perfeição social, harmônica e idealizada.
A educação como transformação da sociedade, tem por perspectiva compreender a educação como mediação de um projeto social. Ou seja, não redime, nem reproduz a sociedade, mas serve como um dos meios para realizar um projeto de sociedade, seja ele conservador ou transformador. Essa tendência não coloca a educação a serviço da conservação.
Importa, portanto, notamos que essas tendências educacionais supra citadas se fazem presentes ainda hoje.

A tendência redentora, propõe uma ação pedagógica otimista, do ponto de vista político, acreditando que a educação tem poderes sobre a sociedade. A reprodutivista é ao mesmo crítica (em relação à compreensão da educação na sociedade) e pessimista (pois não vê saída para ela, além da submissão a seus condicionantes). A transformadora é critica e recusa-se e ao otimismo ilusório bem com ao pessimismo imobilizador propondo a compreensão da educação estratégica para a transformação.

A educação que gostaríamos que existisse é baseada nesta tendência transformadora, pois como afirmamos acima é critica, não salva, nem reproduz a sociedade, mas é utilizada como um meio para a efetivação de uma concepção e sociedade. Propõe ainda, desvendar e utilizar-se das contradições da sociedade, para transformá-la realmente.

A educação transformacional deve preocupar-se em desenvolver competências, os conteúdos deixam de um fim em si mesmos, o professor, de transmissor do conhecimento passa a facilitador da aprendizagem; a prática avaliativa, de classificatória e excludente se transforma em instrumento para guiar intervenções pedagógicas e o aluno, antes passivo vira participante, ativo na construção do próprio aprendizado.

O uso de uma pedagogia crítica pode ser um elemento modificador e transformador da realidade escolar, vivenciando uma experiência educacional nessa direção, espera-se que o estudante como sujeito ativo, capaz de resolver problemas de ordem pessoal e de participar de todas as esferas da vida pública possa transformar a sociedade.

Segurança Pública


Resumo: Este artigo discute a segurança pública no Brasil mostrando que os traficantes fornecem à população serviços que são obrigações do Estado. Ressalta também que a pobreza não é condicionante da criminalidade e que não existe medida mágica para solucionar o problema, mas que são necessárias medidas conjugadas como combate à corrupção nas polícias, no judiciário, criação de conselhos comunitários, investimentos em tecnologia para melhorar a investigação e ainda agilizar os processos judiciários.

Palavras-Chaves: Segurança / violência /corrupção / criminalidade / solução
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A segurança pública no Brasil é uma das maiores preocupações da população e, em virtude do aumento vertiginoso da violência, tem sido explorada e debatida pelas entidades governamentais e não governamentais no sentido de buscar uma solução que resolva esta questão, a qual, sem dúvida alguma, está entre as primeiras necessidades de qualquer ser humano.

" Uma das principais causas da escalada da violência reside no aumento da sensação da impunidade, aliado ao fato de o Estado abandonar determinadas áreas, que ficam à mercê de quem resolve deter o poder para dominá-las, instalando ali um verdadeiro poder paralelo. " ( D'Urso, 2002. P. 52).

Os problemas de segurança pública são muitos e várias são as suas causas. O Estado, como afirma D'Urso, deixou de fornecer à população direitos básicos para que possam viver com dignidade, como hospitais, escolas, lazer e saneamento básico, principalmente para a parcela mais pobre da população que vive nas periferias dando oportunidade ao crime organizado para se instalar com estrutura empresarial e oferecer estes serviços aos moradores que ficam à mercê de bandidos perigosos e poderosos que os manipulam, como também fascinam os agentes responsáveis por combatê-los, em virtude do enriquecimento fácil. É inegável que o crime organizado que comanda principalmente o tráfico de entorpecentes e, conseqüentemente de armas, exerce papel relevante nesse contexto de violência no qual o Brasil está inserido, pois é através desse "comércio" que um verdadeiro exército paralelo foi arregimentado a serviço do crime. O crime antes um ato isolado e solitário, agora está organizado, e como não há crimes e sim uma diversidade de crimes, não existe uma única causa para esse universo heterogêneo da criminalidade e sim várias.

Dentre as causas institucionais Ramos (2002, p. 96) cita algumas: "o judiciário não funciona, os policiais civis e militares não trabalham em harmonia com os promotores que não atuam em conjunto com o judiciário". Já para Soares (2003, p. 7) "a violência não está associada apenas à ampliação do mercado de drogas, mas à ação na cena pública para interferir nas decisões dos poderes e na opinião pública." O que se observa nas grandes cidades além da atividade criminosa dos traficantes é o comprometimento de órgãos públicos, corrupção de juízes e promotores, envolvimentos de parlamentares e membros do poder executivo, além de integrantes das polícias violentos e cúmplices. O que ocorre na realidade é um duplo despotismo: o do tráfico e o de membros de órgãos responsáveis pelo combate ao crime que se deixam corromper. A sociedade vive sob o domínio do medo e do constrangimento imposto pela dupla tirania. Há uma cumplicidade entre traficantes e alguns membros do poder público que se corromperam e alcançaram um acordo. " ... o crime não é mais uma entidade paralela. Ele penetra as instituições públicas." (SOARES. 2003, p. 8).

Outros fatores normalmente associados ao aumento da criminalidade são a pobreza e a miséria, a marginalidade dos centros urbanos e os processos migratórios. Entretanto, é necessário perceber que ser pobre não torna ninguém criminoso e que a delinqüência é encontrada em todas as classes sociais. Pobreza e desigualdade são e ao mesmo tempo não são condicionantes da criminalidade. Depende do tipo de crime, do contexto intersubjetivo e do horizonte cultural.

Nenhum fator apontado como causa da criminalidade age sozinho ou diretamente sobre o indivíduo. Os valores assimilados desde a infância, o modo como a realidade é interpretada por cada um, a necessidade de sobrevivência é que autoriza ou inibe ações violentas. É evidente que o meio influencia, principalmente em lugares onde o crime organizado é o poder reconhecido e respeitado. Alie-se a isso o fato de que nos bairros pobres as escolas são ruins e às vezes inexistentes, as condições de atendimento à saúde são precárias, há poucas ou nenhuma área de lazer e as chances de profissionalização e ascensão econômica são ínfimas.

Desse modo, as oportunidades de haver envolvimento com gangues, drogas e armas são maiores. Por exemplo, o tráfico de armas não é cometido por pobres, já o varejo de drogas é um crime típico de periferias, cometido por jovens ociosos, viciados e sem esperanças que se deixam envolver pela fantasia de benefícios financeiros que valorizam sua auto-estima e seu sentido de poder, embora ilusória, como podemos constatar pelos noticiários de televisão que mostra a quantidade de jovens, adolescentes e até crianças envolvidos com atos criminosos, principalmente aqueles ligados ao tráfico de drogas.

Todo esse quadro caótico de violência no qual está inserida a sociedade brasileira nos leva a questionar se o problema da violência tem solução ou se o caos instalado é irreversível. ''Não existe uma medida mágica eficaz, que possa representar a solução para o problema. O que existe são medidas que conjugadas, poderão resultar numa reação ao crime organizado, enfrentando-o." (D'URSO. 2002, p. 8). É necessário romper esta ligação da polícia com o crime. Isto é pré-condição para o enfrentamento da criminalidade. Aliado ao combate à corrupção há a necessidade de se ampliar o policiamento preventivo, fardado, ostensivo e investigativo de modo a otimizar o trabalho para coibir o cometimento do delito. Em sendo cometido o crime, há a necessidade de investigá-lo com recursos suficientes, e para tal há de se dotar a polícia de meios para exercer o policiamento, com homens e recursos materiais e de meios para a investigação, dotando as polícias do que existe de mais avançado em tecnologia para auxiliá-la no combate ao crime.

Ainda no âmbito governamental há a necessidade de equipar as secretarias de segurança pública dos estados com tecnologia moderna dotada de uma rede de informações e de troca de dados entre elas. Além de que é necessário ainda se ter pessoas que entendam de segurança pública na direção dessas secretarias para que possam imprimir políticas de combate à criminalidade que sejam realmente eficazes. Finalmente, é imprescindível criar penitenciárias federais em locais inóspitos com o objetivo de transferir os detentos considerados de alta periculosidade a fim de afastá-los de sua área de domínio, dificultando assim seu contato com os que estão em liberdade.

No âmbito judiciário tem-se a necessidade de mudanças em nossas leis penais, para que, ao invés de inspirar impunidade (dado o tempo de tramitação de processos que se arrastam por anos, o que dá à população a sensação de que certas leis protegem mais aos criminosos que os cidadãos) inspire cada vez mais riscos à atividade criminosa e ao criminoso em potencial, isto é, o criminoso deverá ter certeza de que o risco de ser pego, julgado e condenado é grande.


Aliado a todas essas medidas que devem ser tomadas em conjunto, deve ser somado um plano dos governos federal, estadual e municipal e entidades civis no sentido de implementar a geração de empregos e renda, investir na educação, criando mais escolas e proporcionando a permanência das crianças nas instituições escolares dando-lhes condições de continuar seus estudos sem precisar abandoná-los, investindo na saúde, aumentando a quantidade de hospitais, médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde. Há também a necessidade de investimento na área habitacional possibilitando aos pobres o acesso à moradia digna. É importante ressaltar que os problemas da segurança pública também devem envolver toda a sociedade. A começar pelo controle que esta deve exercer sobre a polícia, a justiça e sobre si mesma.


Concluo dizendo que é preciso coragem e determinação política, governamental e da sociedade brasileira para que sejam implementadas as medidas propostas. Esta é uma luta que necessita de um esforço conjunto, um direcionamento comum, por parte de diferentes segmentos governamentais numa articulação entre os Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e da sociedade em geral, pois só assim conseguiremos, de forma sustentável, impor limites às pressões cotidianas da violência.

Saúde Pública

A saúde pública do Brasil tem se revelado de baixíssima qualidade e em quantidade inadequada para atender a população, notadamente, a população pobre. Quantas vezes temos visto pela grande mídia relatos e imagens que nos deixam indignados e revoltados com falta de estrutura física e humana para atender as pessoas? Certamente, muitas vezes. Quem tem um plano de saúde privado passa pelo mesmo problema? O Brasil gasta de forma adequada com a saúde dos brasileiros?

Os gastos com saúde no Brasil são gigantescos, entretanto, a carência de recursos médicos ainda persiste, notadamente nas regiões mais distante dos grandes centros e nas periferias das grandes cidades brasileiras. O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) realizou um estudo no qual comparou os gastos com saúde de diversos países.


No Brasil são gastos 7,6% do PIB por anos com saúde, destes, 45,6% é do setor público e o restante corresponde aos gastos do setor privado. Aliás, no Brasil, o setor privado cobre, por meio de planos de saúde, atendimentos avulsos, hospitais e outras formas, cerca de 48 milhões de pessoas, gerando uma receita anual de aproximadamente US$ 27,2 bilhões. Em comparação com outros países, o Brasil está em uma posição intermediária. Os Estados Unidos gastam 15,2% do PIB, sendo 44,6% do setor público; na Alemanha são essas proporções são 11,1% e 78,2%; no Canadá são 9,9% e 69,9%; México são 6,2% e 46,4%; Argentina são 8,9% e 48,6%; no Chile são 6,1% e 48,8%. A média do conjunto dos países da América Latina são de 6,7% do PIB com gastos com saúde sendo que 54,4% deste gastos corresponde ao gasto público, na média dos países considerados ricos tem-se 10,8% do PIB com gastos de saúde com a participação do setor público sendo de 68,2%.

Observa-se dos números acima que nos países mais ricos apesar de a renda média ser muito superior à renda do Brasil gastam em termos percentuais com saúde muito mais que o Brasil gasta. Além disso mais da metade dos serviços médicos é pago pelo setor privado, embora muitos desses gastos privados acabam se tornando do setor público em razão das isenções descontos no imposto de renda. O Brasil gasta mais do que a média dos países da América Latina, entretanto, a participação do setor público é menor. Na comparação com os países ricos, então no Brasil temos consideravelmente menos gastos com saúde (em termos do PIB e de valor absoluto) e muito menos participação do setor público nos gastos totais com saúde.

Isso tem levado ao programa público de saúde, o Programa Único de Saúde (SUS), a atender quase que exclusivamente as pessoas mais pobres, visto que até mesmo a grande maioria das pessoas que trabalham em fábricas e em empresas em geral estão cobertas por algum plano de saúde privado. Ficam para serem atendidas pelo programa do governo as pessoas que não possuem nenhum plano privado, correspondendo geralmente as pessoas desempregadas, as subempregadas, os aposentados e as pessoas empregadas de pequenas empresas.


Esse universo de pessoas apesar de constituir em uma grande quantidade tem muito pouca visibilidade e respeitabilidade entre os formadores de opinião e as autoridades responsáveis pela oferta de saúde pública para que suas vozes de reclamos sejam ouvidas por esses. Esse é o principal motivo pelo qual a saúde pública é tão caótica em nosso país, ou seja, as nossas autoridades brasileiras e a sociedade não dão a atenção devida para as pessoas que precisam dos atendimentos médicos do setor público. Quando as próprias pessoas que utilizam a saúde pública se organizarem de forma eficaz e sistemática, criando um movimento firme e forte, então os gastos com a saúde irão aumentar significativamente e a qualidade e a quantidade dos serviços de saúde pública no
Brasil aumentaria bastante e as pessoas seriam atendidas com muito mais dignidade e respeito nos hospitais e postos de saúde públicos em todo o nosso país.

Corrupção

No Brasil, a corrupção parece não ter fim. Em todas as esferas dos poderes existe corrupção. Seja no Executivo, Legislativo ou Judiciário. O povo brasileiro já não acredita que esta situação possa mudar. Existe uma cultura arraigada nas instituições que abrangem os três poderes. Até quando o Brasil vai suportar tanta corrupção? esta é a pergunta que o povo brasileiro vive fazendo. O Brasil é um país de gente pacata, de gente que acha ser a esperança a última que morre. Só que enquanto o povo pensa assim, os corruptos desviam milhões e milhões dos cofres públicos e nada acontece com eles. enquanto isso o povo sofre com a miséria, a violência, a falta de educação, doenças e tudo de ruim que uma nação possa sofrer. É preciso que seja feito algo urgente para que essa corrupção acabe ou ao menos diminua. Pois o que será de nossos filhos no futuro, vivendo numa nação onde a corrupção impera em todas as esferas?

2 de jun. de 2011

Desde de a origem da humanidade o homem, ainda que por instinto, sempre buscou a sensação por segurança, antigamente conquistada por meio de machados, lanças e pedras pelos denominados Homens da Caverna. Que formavam grupos de homens para a proteção de suas familias, buscando manter a integridade de suas terras e plantações e bens.
Mas, foi durante o século XIV, na Inglaterra, que surge pela primeira vez a figura do "vigilante". Homens selecionados por serem de grande estatura, hábeis em lutar e no emprego de armas, os quais eram remunerados por seus senhores feudais, que buscavam a proteção de suas terras e propriedades, assim como o controle de seus camponeses.
E, no século XIX, em 1852, com a deficiência do poder publico em garantir a segurança, que, os americanos Henry Wells e Willian Fargo criaram a primeira empresa de segurança privada do mundo, a WELLFARGO.

Já, em 1855, Allan Pinkerton, detetive policial de Chicago, resolve criar a PINKERTON'S, que fazia a proteção das estradas de ferro.
E, em 1859, surge no estado norte-americano de Washington, a BRINK'S, criada por Perry Brink, que inicialmente fazia proteção de transporte de cargas, e, em 1891, fez o primeiro serviço de transporte de valores.

No Brasil, as primeiras empresas de segurança privada, surgem após a aprovação dos Decretos-Lei Nº 1.034, de 09 de novembro de 1969 e Nº 1.103, de 03 de março de 1970, que passaram a regulamentar a atividade de segurança privada no país.  Passaram então a exigir que estabelecimentos financeiros fossem protegidas por seus próprios funcionários (segurança orgânica), ou através de empresas especializadas (tercerização). O objetivo era inibir os assaltos a essas entidades, muitas vezes cometidos por grupos políticos esquerdistas, que se utilizavam destas ações para obtenção de recursos para o financiamento de sua causa revolucionária.